Pteridium aquilinum
Martins, D.; Correa, G.; Boiron, L.; Müller, L.
Orientador: Aline de Mello Cruz

Ao todo, o efeito
carcinogênico de P. aquilinum pode variar de acordo com a espécie acometida,
distribuição geográfica da planta, quantidade e tempo de exposição à planta. Além
disso, a capacidade carcinogênica da planta diminui de acordo com seu
envelhecimento (Hirono et al., 1975) com excessão em ratos de acordo com (Pamukcu
& Bryan, 1979). Sobre sua distribuição geográfica, a planta tem por habitat
ideal regiões frias e montanhosas, com boa pluviosidade e solos ácidos,
contudo, tem capacidade de se adaptar à outros ambientes.
Dos animais
acometidos e estudados, foi possível observar em ovelhas relatos de tumores
intestinais (Evans, 1968), em asininos após pastejo em áreas contaminadas
observou-se intoxicação apresentando como sintomas como anorexia, incoordenação
dos membros posteriores e andar cambaletante, sem alterações macroscópicas ou
histológicas de insignificância (Franklin Riet-Correa,
2008). O quadro clinic do equino caracteriza incoordenação, tremors musculares,
convulses e sonolência e os sinais manifestam-se após 1 mês da ingestão da
planta, sendo a quantidade necessária a ser ingerida para que ocorra
intoxicação de 20% da ingestão diária do equino durante 1 mês. Em bovinos, sendo a
espécie de maior núero de casos de intoxicação pela samambaia, ocorrem três
quadros clínicos de intoxicação, um agudo e dois crônicos. Nas formas
crônicas estão os carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar
superior (TAS) e a hematúria enzoótica bovina (HEB) caracterizada por
neoplasmas vesicais (Tokarnia et al. 2000). Em casos agudos ocorre aplasia da
medula óssea e são resultados de ingestão de 10 a 30g/kg da planta e é
geralmente fatal caracterizada por febre, diátese hemorrágica, trombocitopenia
e neutropenia. Quando ocorre a ingestão menor que a quantidade acima descritae
por períodos mais longos, caracteriza-se então um quadro crônico que apresenta
hematúria intermitente (HEB), na qual foram descritos como sinais clínicos,
além da hematúria, emagrecimento progressivo, mucosas pálidas, apetite
seletivo, anorexia, polaciúria, prostraçãoo, fraqueza e tenesmo.
Além disso, a
ingestão de Pteridium aquilinum tem sido relacionada como o principal
fator envolvido na persistência da infecção pelo BPV-4 (papilomavírus) no
trato alimentar superior. A teoria que estabelece a relação entre
papilomatose alimentar e a formação de CCEs sugere a produção de um estado
imunossupressivo crônico pela planta, permitindo a persistência dos papilomas
no trato alimentar superior. Os
papilomas serviriam então como sítios de desenvolvimento dos CCEs através da
interação entre as proteínas do BPV-4 e os carcinóge- nos da samambaia
Como sinais clínicos
de carcinoma de células escamosas e no trato alimentar superior puderam ser
observados emagrecimento progressivo, atonia ruminal, disfagia, timpanismo,
regurgitação, sialorreia, anorexia, apetite seletivo, extensão do pescoço,
fraqueza, disfagia, halitose, dispneia, edema de faringe, secreçãoo nasal,
queda da produçãoo de leite e hematúria. os efeitos deletérios dos neoplasmas são
principalmente mecânicos e relacionados com a interferência na deglutição e
ruminação, o que leva a má nutrição extrema. Os bovinos afetados têm
geralmente 5 anos de idade ou mais e ocorrem em uma ou mais das seguintes
localizações no trato digestivo de bovinos: base da língua, esôfago,
cárdia e rúmen. Metástases ocorrem em alguns casos, principalmente para os
linfonodos regionais e pulmões; CCEs localizados no rúmen podem
ocasionalmente metastatizar para o fígado, através da circulação porta. No
trabalho de G.D. Cruz et al, 2005, foram
expostos dois grupos de ratos à uma dieta de extrado de samambaia e
verificou-se em alguns animais abscessos subcutâneos e ao exame microscópico
degeneração hidrópica renal do epitélio dos túbulos contorcidos proximais,
além de áreas de necrose e atrofia de vilosidades intestinais também foram
observadas.
Conclui-se que, os quadros
de intoxicação por Pteridium Aquilinum tem
grande incidência em animais de produção, principalmente em bovinos, lenvado em
consideraçãoo a preferencia da espécie pelo consumo da planta. Os quadros de
intoxicação podem ser fatais, tanto os crônicos quanto os graves, tornando-se
um agravante para a produção e requerimento do médico veterinário em avaliar o
ambiente certificando-se da ausência do contato com a planta e a prontidão em
caso de intoxicação.
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-Imagens:
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